O estigma feminino na História.
História do machismo.
- A mulher pré-histórica
As mulheres pré-históricas
eram sagradas durante o período Paleolítico! Isso porque a sociedade não
conseguia entender a capacidade que as mulheres tinham de engravidar. Os homens
desconheciam sua contribuição na procriação e imaginavam que as mulheres
engravidavam de seres sobrenaturais, causando neles inveja da mulher por não
ter útero. (MURARO 1993 apud FARINHA
2009). Convém ressalvar que durante o Paleolítico a religião ainda não está
consolidada, portanto não podemos afirmar que tal sociedade acreditava em deuses
ou deusas, mas sim em mitos que com o passar de milhões de anos se tornarão
religião. Estamos tratando sim de uma sociedade matricêntrica, onde os mitos
são criados em torno da figura feminina (O contrário do que temos hoje – uma sociedade
patriarcal, onde a religião é estruturada em torno de figuras masculinas).
Encontramos aí
representações de deusas, como no caso das esculturas de Vênus de Hohle Fels, e
a Vênus de Willendorf. As duas imagens apresentam caracteres sexuais exagerados
(seios e quadris muito grandes), denotando uma referência clara da fertilidade
feminina e a importância da mulher para a sociedade paleolítica, como afirma
FARINHA (2010).
Vênus de Hohle Fels, encontrada na Alemanha em 2003, com
aproximadamente 40.000 anos.
Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria em 1908, com
aproximadamente 25.000 anos.
Durante o período em questão
– o paleolítico, os homens eram nômades. A partir do momento em que começam a
sedentarizar-se diversas coisas na sociedade pré-histórica mudam. A
sedentarização ocorre devido ao desenvolvimento da agricultura e a domesticação
de animais. Já não é necessário cassar os animais quando existe uma criação deles,
e deixa de ser importante a coleta, quando se possui uma plantação. Essa é a
Revolução Neolítica, e é neste momento, em que a caça e a coleta tornam-se
escassas que “instaurou-se a supremacia masculina” (FARINHA 2010).
No
período neolítico o homem já dominava sua função biológica reprodutora, sendo a
harmonia quebrada definitivamente. Com isso a figura do herói passou a ser mais
valorizada, o homem passou a dominar também a sexualidade feminina, e a mulher
foi reduzida ao âmbito privado sem poder de decisão no âmbito publico. (FARINHA
2010).
Esta é a passagem da
cultura matricêntrica para a cultura patriarcal.
O
mitólogo americano Joseph Campbell escritor do livro The Masks of God: Occidental
Mytologic (Nova York, 19702) dividiu em quatro grupos os mitos conhecidos da criação,
correspondendo estes grupos às etapas cronológicas da história humana. Na primeira
etapa, o mundo seria criado por uma deusa mãe sem auxilio de ninguém, na segunda
etapa criado por um deus andrógino ou um casal criador; já na terceira um deus macho
toma o poder de uma deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial, e
na quarta, por fim, um deus macho criaria o mundo sozinho, sem intervenção
feminina, o que representaria a passagem para o patriarcalismo. (FARINHA 2010.)
É a partir daí que podemos entender melhor a dominação do
homem sobre a mulher, que ocorre no momento em que o homem domina a natureza e
a sexualidade. Eis aí o início da subjugação da mulher ao homem, ou o machismo.
É PRÉ-HISTÓRICO.
BIBLIOGRAFIA
FARINHA,
Allyne. A mulher e o sagrado: Um resgate da representação da mulher na
religião. Disponível em: <http://congressohistoriajatai.org/2011/anais2009/doc%20%286%29.pdf>
Acesso
em: 27 ago. 2014.